Aqui cabe uma reflexão sobre as expectativas estabelecidas em relação ao uso das tecnologias digitais em sala de aula. A perspectiva de inovação na prática pedagógica precisa considerar os aspectos da própria cultura do professor com suas práticas consolidadas e a sua própria compreensão sobre o papel das tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem. O professor pode se apropriar das tecnologias digitais para melhorar a sua prática através de pesquisas, elaboração de materiais e utilização de recursos que facilitem o seu trabalho. Isso não significa que o professor pense nas tecnologias digitais como meio para a execução da aprendizagem, com oferta de dispositivos diversificados que beneficiem o aluno em seu processo. O entrave entre o processo de apropriação tecnológica, sua aplicabilidade e a não transformação não está relacionado necessariamente com a resistência do professor diante do novo, mas sim a sua percepção de que existem limites para essa inovação e que ela não deve, necessariamente, estar vinculada ao comportamento do aluno em sala de aula. Alguns professores deixaram claro durante a observação que os alunos precisam realizar algumas atividades repetitivas e de memorização como parte do processo de aprendizagem. Quando questionamos as práticas dos professores, não estamos analisando apenas as questões tecnológicas e sim avaliando as suas escolhas pedagógicas que poderiam não ser as mais adequadas mesmo sem o uso das tecnologias digitais. Os alunos são receptivos ao movimento dos professores com o uso de recursos diversificados e não consideram as ações limitadas ou ineficazes. Nesse sentido, os professores realmente alcançam os seus objetivos e conseguem se diferenciar dos demais colegas de trabalho. A questão mais sensível aqui é que as ações dos professores, mesmo que limitadas e pouco inovadoras, se destacam nas escolas porque a ação dos outros professores é muito mais tradicional e limitadora para os alunos. Ou seja, qualquer ação diferenciada parece ser mais eficaz do que a continuidade das práticas pedagógicas ultrapassadas e repetitivas.
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