segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Relatório final

O relatório final da pesquisa está disponível no blog na aba "Relatório final 2012" em arquivo PDF, com os dados completos, as análises e as conclusões realizadas. A referência para citar o relatório de pesquisa é a seguinte:

CARVALHO, Ana Beatriz. Relatório final da pesquisa Letramento Digital, Autoria e Colaboração em Rede: Os Professores da Educação Básica e o Papel das Licenciaturas a Distância na Apropriação das Tecnologias Digitais. Recife, 2012. Disponível em http://anabeatrizgomes.pro.br/moodle/mod/resource/view.php?id=1248

sábado, 17 de novembro de 2012

Conclusões sobre a análise (2)

O resultado da pesquisa indica que os professores formados a distância se beneficiam do agregado tecnológico da modalidade, se apropriam tecnologicamente dos dispositivos digitais e aplicam a sua apropriação em sala de aula com algumas limitações. O nível de apropriação permite que os professores compartilhem o seu conhecimento no próprio contexto da escola ajudando os outros professores e organizem o seu trabalho com auxílio das tecnologias digitais, mas os elementos de autoria e colaboração que são intrínsecos ao letramento digital, não se realizam efetivamente. A imagem que ilustra a postagem resume os resultados da pesquisa. O esquema mostra que os professores entram em contato com vários dispositivos tecnológicos durante a sua formação a distância, embora o foco seja a usabilidade e não a apropriação para a autoria. Os professores compartilham o seu conhecimento com os seus colegas de trabalho e tornam-se uma referência dentro do contexto de sua escola. Utilizam as tecnologias digitais em sala de aula, embora o foco seja o uso dos laboratórios de informática, projetores de imagens e reprodução de vídeos. Os professores não conseguem desenvolver a autoria e a colaboração em rede e fazem uso da Internet para obter materiais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Conclusões sobre a análise (1)

Aqui cabe uma reflexão sobre as expectativas estabelecidas em relação ao uso das tecnologias digitais em sala de aula. A perspectiva de inovação na prática pedagógica precisa considerar os aspectos da própria cultura do professor com suas práticas consolidadas e a sua própria compreensão sobre o papel das tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem. O professor pode se apropriar das tecnologias digitais para melhorar a sua prática através de pesquisas, elaboração de materiais e utilização de recursos que facilitem o seu trabalho. Isso não significa que o professor pense nas tecnologias digitais como meio para a execução da aprendizagem, com oferta de dispositivos diversificados que beneficiem o aluno em seu processo. O entrave entre o processo de apropriação tecnológica, sua aplicabilidade e a não transformação não está relacionado necessariamente com a resistência do professor diante do novo, mas sim a sua percepção de que existem limites para essa inovação e que ela não deve, necessariamente, estar vinculada ao comportamento do aluno em sala de aula. Alguns professores deixaram claro durante a observação que os alunos precisam realizar algumas atividades repetitivas e de memorização como parte do processo de aprendizagem. Quando questionamos as práticas dos professores, não estamos analisando apenas as questões tecnológicas e sim avaliando as suas escolhas pedagógicas que poderiam não ser as mais adequadas mesmo sem o uso das tecnologias digitais. Os alunos são receptivos ao movimento dos professores com o uso de recursos diversificados e não consideram as ações limitadas ou ineficazes. Nesse sentido, os professores realmente alcançam os seus objetivos e conseguem se diferenciar dos demais colegas de trabalho. A questão mais sensível aqui é que as ações dos professores, mesmo que limitadas e pouco inovadoras, se destacam nas escolas porque a ação dos outros professores é muito mais tradicional e limitadora para os alunos. Ou seja, qualquer ação diferenciada parece ser mais eficaz do que a continuidade das práticas pedagógicas ultrapassadas e repetitivas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Com a palavra, os sujeitos da pesquisa!

Solicitamos aos sujeitos entrevistados que descrevessem como as tecnologias digitais eram utilizadas em suas salas de aula.

Sujeito P20:Recentemente, no intuito de trabalhar com os diferentes gêneros textuais que circulam socialmente, elaborei um projeto para a utilização do MSN entre os alunos. A atividade teve início com a elaboração de e-mail pessoal e da troca deste entre os colegas para que eles tivessem a oportunidade de se comunicarem através da internet e de utilizar os termos usados pela rede mundial de computadores (vc, tb...) comparando-os com a linguagem formal utilizada em outras situações. Também já utilizei os programas de editor de texto e de produção de slides com meus alunos.

Sujeito P11:Pedi que fizessem uma pesquisa sobre a segunda Guerra mundial buscando imagens e montando slides para mostrarem em sala de aula. Em outro momento buscamos imagens e entrevistas de pessoas do nosso município a respeito da poluição das águas e fizemos um projeto que foi apresentado numa feira de ciências da escola.

Sujeito P43: Os grupos de discussão possibilitaram uma participação efetiva dos educandos. Muitos que na sala de aula, não expunham seus pensamentos por vergonha ou medo, tiveram liberdade para, enfim, participar ativamente dos debates. Um fato interessante, é que muitos educandos relataram que se sentiam desafiados com os questionamentos e o debate da lista e saiam pesquisando em livros e na própria web para ter subsídios para dar prosseguimento aos debates.

Embora as ações relatadas indiquem que o professor realmente inovou em sua prática pedagógica, o percentual de sujeitos da pesquisa que detalharam as suas ações foi apenas 34%. Neste tópico, observamos que embora um número significativo de professores consiga se apropriar tecnologicamente, a aplicação dessa apropriação na prática pedagógica apresenta um número menor de professores envolvidos.

sábado, 3 de novembro de 2012

Gráficos da pesquisa (3)

O conjunto de perguntas sobre o uso das tecnologias digitais em sala de aula tem como foco a mudança na prática pedagógica do professor e se ele utilizou os conhecimentos adquiridos durante o curso a distância para efetivar mudanças na sala de aula. Na questão sobre o uso das tecnologias digitais em sala de aula, o quantitativo de professores que responderam sim (58%) foi ligeiramente superior aos que responderam não (42%). No detalhamento das ferramentas utilizadas, as respostas foram sites de busca, vídeoaulas, planilhas, fórum, wikis etc.

Graficos da pesquisa (2)

Nas questões sobre o uso dos equipamentos da escola após o ingresso no curso a distância e se ele se considerava mais preparado que os seus colegas no uso das tecnologias digitais, as respostas foram interessantes: 87% dos sujeitos entrevistados afirmam usar mais os equipamentos da escola em função dos conhecimentos adquiridos no curso a distância e 81% consideram estar mais preparados do que os colegas formados em cursos presenciais para usar as tecnologias digitais.

Gráficos da pesquisa (1)

As perguntas relacionadas com a apropriação tecnológica tinham como objetivo verificar se os alunos ganharam competências no uso das tecnologias digitais depois do ingresso no curso a distância. No grupo de perguntas, foi perguntado ao sujeito quais equipamentos ele adquiriu após ingressar no curso, qual o seu nível de domínio no uso das tecnologias digitais, se o uso dos equipamentos existentes na escola tornou-se mais intenso em função dos domínios adquiridos no curso e se ele se considera mais preparado que os seus colegas que não estudaram na modalidade a distância. Praticamente metade dos entrevistados se considerava usuário médio antes de ingressar no curso (52%) e o restante se considerava iniciante (39%) ou não dominava absolutamente nada das tecnologias digitais (9%).

As categorias de análise

A definição das categorias de análise em qualquer pesquisa é sempre um processo complexo porque depende de muitos fatores. As categorias precisam de ancoragem na fundamentação teórica utilizada, mas também precisam estar em harmonia com os dados coletados durante a pesquisa. Parece óbvio, não é mesmo? Só que não! Quando escolhemos as categorias a priori (antes da coleta de dados), sustentadas apenas nos autores, precisamos ter o cuidado de estruturar os instrumentos de pesquisa para que os resultados obtidos possam ser classificados dentro das categorias pré-definidas. Mesmo com esse cuidado, tudo pode dar errado. O mais comum é encontrarmos novas categorias que não foram pensadas pelos teóricos e nem pelo pesquisador. Isso não significa uma falha, mas sim o reflexo da dissonância que existe entre os aspectos teóricos e práticos de uma pesquisa. Antes de ter uma crise nervosa e querer sair gritando pelas ruas pelado, o pesquisador precisa trabalhar os dados encontrados. É assim que surgem as categorias a posteriori, quando trazemos para o contexto da pesquisa categorias que surgiram na prática. No caso da nossa pesquisa, as categorias selecionadas para a análise dos dados coletados foram fundamentadas nos autores escolhidos para a sustentação teórica da pesquisa, em consonância com os objetivos propostos. As três categorias a priori são: apropriação tecnológica, uso das tecnologias em sala de aula e compartilhamento, autoria e colaboração em rede. As subcategorias surgiram após a realização das entrevistas e observações, devidamente inseridas dentro das categorias pré-existentes. É interessante observar que não surgiram novas categorias (o que não é frequente), mas sim subcategorias que aprofundaram ou desdobraram as categorias definidas a priori. As categorias foram conceituadas na parte teórica do texto e as subcategorias explicadas na análise dos resultados. Quando o trabalho for uma dissertação ou tese (com espaço mais amplo para detalhar o percurso), eu penso que o ideal é conceituar todas as categorias na metodologia. O quadro final das categorias ficou assim:

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Problemas, problemas, problemas...

Vou blasfemar por alguns segundos apenas para desabafar: depender da colaboração dos sujeitos da sua pesquisa pode ser muito estressante em alguns momentos! Que a Nossa Senhora dos Estudos Culturais me perdoe, mas tem situações em que você tem vontade de largar tudo e se trancar em um laboratório cheio de equipamentos e ratos, mas sem um único exemplar da espécie humana... Os pesquisadores que trabalham com grupo focal, entrevistas abertas e observação comportamental, merecem meu total respeito. Se não fosse o prazo e os processos metodológicos escolhidos e indicados na pesquisa, eu poderia ser mais zen e entender que o professor está cansado, de saco cheio do trabalho, da vida e do mundo para perder o seu precioso tempo livre conversando com uma pesquisadora detalhista (embora fofa!) que ganha dez vezes o seu salário e tem o emprego dos sonhos de todos eles. Entretanto, como eu tenho um órgão de fomento bafejando no meu cangote e me cobrando os resultados, eu tenho que xingar meio mundo (mesmo que seja silenciosamente) para não ter um ataque cardíaco e ter que sair da escola carregada pela Samu. Felizmente, eu sou uma pessoa otimista. Sempre volto ao campo de pesquisa com bom humor, sem medo de ser feliz!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Não é feitiçaria, é metodologia!

A brincadeira no título da postagem resume o maior problema que encontramos nos trabalhos acadêmicos: os alunos teimam em querer explicar ao leitor os conceitos teóricos da metologia escolhida e falam muito pouco sobre como a metodologia foi usada na sua própria pesquisa. O objetivo da metodologia não é escrever um tratado teórico sobre todos os tipos de metodologia existentes. Ao escrever o capítulo ou tópico metodológico, o autor deve apenas justificar a metodologia escolhida e descrever como realizou o processo. É necessário deixar claro os recortes geográficos, temporais e instrumentais realizados. No caso da nossa pesquisa, foram selecionados os cursos aos quais os sujeitos estavam vinculados, os locais onde as escolas estavam localizadas e o tipo de trabalho realizado pelos sujeitos da pesquisa. Isso foi necessário porque nos interessava somente sujeitos da Educação Básica da rede pública de ensino que estavam efetivamente em sala de aula, concluintes das licenciaturas na modalidade a distância ofertadas por instituições públicas de ensino e que trabalhavam em Penrmabuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Foi preciso organizar o processo de coleta em diferentes níveis porque utilizamos instrumentos de coleta diferenciados. O objetivo foi verificar as informações fornecidas pelos sujeitos de pesquisa através de entrevistas e obsevação nas escolas. Ufa! Não foi brinquedo, não...

sábado, 21 de julho de 2012

Usando o Google Docs nas entrevistas

Quando terminei de organizar o roteiro de entrevistas, percebi que eu teria que pensar em como sistematizar os dados coletados antes de partir para o campo propriamente dito. O roteiro tinha trinta questões, várias perguntas dissertativas ou com mais de uma possibilidade de resposta. Se eu fosse simplesmente anotar em um formulário padrão as respostas, o fim do mundo (previsto para 2012) chegaria na minha porta bem antes! Assim, eu precisava encontrar uma solução que facilitasse a minha vida e fosse também acessível aos meus sujeitos da pesquisa. Encontrei o Google Docs que permite elaborar formulários com questões abertas e fechadas, com envio do link apenas para os sujeitos que queremos entrevistar. O formulário é bem simples de elaborar, exitem várias opções de formatação que deixam o formulário com um layout bacana e a principal vantagem: podemos tabular os dados na planilha eletrônica! A estratégia deu certo e os meus sujeitos da pesquisa responderam as trinta questões formuladas de forma satisfatória (foram setenta e oito sujeitos pesquisados). Para quem não conhece o Gdocs, vale a pena dar uma olhada e pensar em novas formas de acesso aos sujeitos e compartilhamento dos arquivos com outras pessoas. Quem quiser conhecer o formulário utilizado na primeira parte da pesquisa, é só clicar aqui.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Os sujeitos da pesquisa

Passei o ano todo em 2011 realizando as entrevistas da primeira parte da pesquisa. O primeiro momento da pesquisa tem como objetivo coletar dados mais abrangentes que possam retratar a realidade de um grupo maior de sujeitos. O meu maior problema é que os recortes são muito precisos, o meu sujeito tem que ser egresso ou concluinte de uma licenciatura a distância, ser professor da rede pública de ensino, estar efetivamente em sala de aula e residir na Paraíba ou Pernambuco. Parece fácil, mas selecionar os sujeitos foi uma áfrica! Consegui 78 sujeitos respondentes na primeira etapa (a meta inicial era 150 professores) e selecionei 25 para aprofundar as questões da pesquisa. Na primeira parte, os professores responderam 30 perguntas sobre o seu perfil (questões fechadas), sobre o contexto das suas escolas e sobre a sua prática em sala de aula com o uso da tecnologia digital (questões abertas em formato de texto). Imaginem a quantidade de dados! Entre louca e pirada, comecei a organizar as respostas e para a minha completa surpresa, foram surgindo mais perguntas ainda! Ohhhhh... O problema, ou melhor, a solução foi que quanto mais os resultados me surpreendiam, mais eu queria aprofundar as questões e encontrar novas nuances. A questão inicial da pesquisa se desdobrou em muitas outras e o redirecionamento do trabalho fez com que os objetivos fossem muito além do que eu pretendia. É claro que vou contar todos os detalhes aqui no blog, just wait!

domingo, 15 de julho de 2012

Uma breve justificativa

A intenção inicial ao escrever um blog sobre a minha pesquisa, era compartilhar uma espécie de diário da pesquisa científica com outros professores, orientandos e alunos. Entretanto, a realidade da pesquisa é bem diferente do que eu pensava inicialmente. Os processos de construção da teoria que exigem a leitura de toneladas de textos, matariam de tédio os leitores se eu fosse descrever todo o percurso da leitura, as dúvidas e as possíveis conclusões. Não, queridos, eu não faria isso com vocês. Outra questão essencial é a ética na pesquisa. A ética não diz respeito apenas ao tratamento dos sujeitos e dos dados, mas também ao processo de divulgação. Como publicar dados que ainda estavam em análise? Ao publicar qualquer coisa na rede, estamos referendando as informações que podem ser utilizadas por outras pessoas (na perspectiva do Creative Commons, é claro!). Aqui temos dois problemas: o primeiro é que só posso compartilhar informações validadas, consistentes e assinadas com o meu nome e sobrenome para que possam servir de referência científica para outras pessoas. O segundo problema é que tenho como prática divulgar na rede tudo o que eu produzo (artigos, livros, vídeos etc.) mas só depois que foram publicados em algum lugar. Faço isso não porque me preocupo em ser copiada por alguém, acredito que ser copiada é, em última análise, uma honra porque alguém achou que o meu texto era bom o suficiente para colocar o seu nome nele (ironia mode on, como diria meu amigo Sérgio Lima). A questão é que sempre existe a possibilidade de alguém dizer que eu copiei os dados e não o contrário (sim, parece incrível, mas isso acontece). Para evitar qualquer problema, prefiro compartilhar o que já está registrado em algum lugar. Assim, o blog será agora uma síntese da pesquisa que realizei nos últimos dois anos, com descrição dos percursos realizados, ajustes, dados e resultados. Uma espécie de relatório de pesquisa no formato de um blog. Bem mais palatável para ler (vou incluir até os palavrões que precisei utilizar em alguns momentos), mas com todos os dados no formato que exige o pensamento científico. Espero, sinceramente, que vocês gostem e que a experiência sirva para alguma coisa!